quarta-feira, 26 de junho de 2013

O que você precisa saber resumidamente sobre a doença celíaca: dermatite herpetiforme

Olá, meus queridos! 
Faz um tempinho que não venho ao blog para postar sobre assuntos relacionados a doença celíaca, que não sejam receitas, não é?

Então, decidi trazer um tema bastante importante e de interesse para muitas pessoas: a dermatite herpetiforme, ou mais comumente chamada de DH (ou ainda doença de Duhring-Brocq).
A DH se caracteriza como uma irritação de pele severa, que deixa a pele coçando e com bolhas, além de provocar sensação de queimadura. A origem do nome é porque ela é muito parecida com o herpes, apesar de os diagnósticos não terem relação entre si. 
O fato é que todo mundo que tem DH tem doença celíaca, porém o contrário não é verdade, ou seja, nem todo mundo que tem doença celíaca tem diagnóstico de DH. Apesar da verdadeira causa ainda ser desconhecida, sabe-se que fatores genéticos, o sistema imunológico e a sensibilidade ao glúten exercem um papel importante nesta doença.

A DH atinge tanto mulheres quanto homens, na proporção de uma pessoa em cada 100.000, sendo mais comum em brancos do que em negros e rara na população japonesa. Geralmente, a DH aparece com maior frequência no fim das segundas e quartas décadas de vida e os sintomas costumam ser externos, na pele. Porém cerca de 20% das pessoas com DH também apresentam sintomas intestinais. Por este motivo, uma dieta sem glúten melhora e às vezes acaba totalmente com o problema. 

Comumente, as lesões começam a aparecer com vermelhidão e pequenas bolhas, causando coceira intensa e que chegam a estourar, formando uma casquinha. Essas lesões são mais comuns nas áreas dos cotovelos, joelhos, nádegas, atrás do pescoço e no couro cabeludo. Porém, também podem surgir em outras partes dos braços e pernas, rosto e tronco. Vejam algumas fotos, retiradas do Google:

 
 


 


  


E como o diagnóstico é feito? Primeiramente, o médico faz uma biópsia de pele bem próximo a lesão, mas não nela. O procedimento não é doloroso porque usa-se um anestésico local. Na biópsia, o médico procurará por um anticorpo chamado IgA e, caso ele seja detectado, diagnostica-se como DH. Em geral, a biópsia do intestino não é necessária.

O tratamento vocês já sabem: dieta isenta de glúten. Apesar de não ter cura, alguns medicamentos baseados em sulfa, como dapsona ou sulfapiridina, são indicados para os pacientes com o objetivo de controlar a sensação de queimadura e as lesões. Com a dieta sem glúten, aos poucos, os pacientes podem diminuir o uso dos medicamentos. Em muitos casos, também é necessário dieta isenta de alimentos com iodo (mariscos e sal de cozinha), algas marinhas (algumas pastas de dentes e comidas orientais), iodeto de potássio (expectorante em remédios para tosse) e agente antiinflamatórios não esteróides (remédios contra dor e febre). 

Felizmente, eu não possuo o diagnóstico de DH, porém durante minha infância, eu e minha irmã desenvolvemos uma dermatite atópica que surgiu na mesma época e nas mesmas regiões. Não possuíamos bolhinhas na pele, mas muita coceira, o que ocasionava as lesões. Me lembro até hoje de como sofríamos: não podíamos usar o uniforme da escola direto na pele, não podíamos frequentar piscinas porque o cloro irritava mais ainda nossa pele, não podíamos brincar na areia e minha mãe tinha um caderno onde ela anotava tudo o que comíamos, para saber se algum alimento piorava nossa condição. Foi um período muito difícil para nós e, com certeza, para os meus pais. A coceira era tanto que chegávamos a nos esfregar no carpete de nossa casa, para alívio. No entanto, o atrito ocasionava mais lesões, o que piorava o quadro.
Nossa lesões sangravam e delas saia um líquido, próprio da lesão. Quando colocávamos o pijama, por exemplo, aquela secreção secava e então grudava na roupa, o que dificultava tirá-la como a maioria das pessoas fazem quando vão tirar a roupa. Era necessário bastante cuidado.
Também, só podíamos usar sabonetes e shampoos neutros e o uso do óleo de amêndoas era constante. Chegamos a nos consultar com inúmeros dermatologistas, inclusive fora de nossa cidade, porém todos diziam a mesma coisa: "não tem cura" e dá-lhe pomada de cortisona (o que é péssimo pro organismo). Graças a Deus, obtivemos a cura com um tratamento homeopático, que durou cerca de 3 anos. Para quem não conhece, a homeopatia promove a cura de dentro para fora, levando em conta, inclusive, aspectos emocionais. Por conta disso, nos primeiros meses de tratamento, tivemos uma piora do quadro, como se nosso organismo estivesse recebendo uma limpeza, de dentro para fora. Minha irmã teve um quadro pior do que o meu, com lesões muito intensas que não permitiam, por exemplo, que ela conseguisse dormir tranquila. Foi necessária muita paciência mas deu tudo certo. Minha mãe foi excelente, cuidou de nós com muita resignação e fé.
Hoje não temos mais nada na pele, apesar de nossa família ser bastante atópica, meus pais e minha irmã possuem rinite alérgica e eu fiquei com a pele mais sensível.
Então, eu posso imaginar o que sente uma pessoa com DH, porque além de todo o incômodo físico, há prejuízos sociais muito grandes. Portanto, é sempre fundamental buscar ajuda multiprofissional (médicos, psicólogos, nutricionistas e qual mais for necessário).

Com isso, é importante lembrar que pessoas com diagnóstico de DH devem não só evitar ingerir o glúten como também não usar quaisquer cosméticos (hidratantes, maquiagens, shampoo e afins) com glúten. Bastante complexo, não é? Já que a nossa realidade, infelizmente, ainda é de pessoas que sequer conhecem os prejuízos da ingestão do glúten, que dirá os prejuízos causados por ele na pele. Há um tempo atrás postei, na fanpage do blog, um presente que ganhei de uma prima: um shampoo fabricado na Argentina, livre de glúten. Muitas pessoas questionam: "Nossa! Mas shampoo sem glúten? Como assim? Alguém vai ingerir shampoo?" Bom, espera-se que não, não é? (Apesar de que as crianças devem ser monitoradas). Mas agora você já sabe a resposta e a importância de as empresas saberem quais ingredientes estão presentes nos produtos de higiene e beleza. 
O tema já foi discutido aqui no blog. Quem tiver interesse, clique aqui!

Dicas infalíveis para quem possui DH:
Não deixem de conhecer um grupo no facebook sobre o assunto. Clique aqui!

E, além do grupo, acesse a lista de produtos de higiene e beleza que contém trigo ou glúten, fornecida pela Acelbra do Rio de Janeiro. Clique aqui! 


Espero ter esclarecido sobre o tema e ajudado de alguma forma.
Caso tenham alguma história para compartilhar, além de dúvidas ou sugestões, faça seu comentário abaixo ou envie um email para semglutenporfavor@gmail.com

Um grande beijo e cuidem-se!

Fonte: livro Vivendo sem glúten, Acelbra-SP, ACELBRA-RJ

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