quarta-feira, 4 de abril de 2012

O que você deve saber resumidamente sobre a doença celíaca: Conceito

Acho necessário fazer umas pausas para escrever um pouquinho sobre a doença celíaca. Então, conforme forem postadas as dicas, histórias, entre outras coisas, farei estas pausas para reunir o que associações, sites e livros (de confiança!) têm dito sobre a doença. 

Nesta primeira parte, vou me ater ao conceito da doença celíaca.  Quando recebemos o diagnóstico, faz-se extremamente necessário conhecer o que acontece com o nosso organismo para que compreendamos o porquê de não consumir o glúten. 

Em primeiro lugar, gostaria de fazer uma observação própria. Em minha opinião, este nome (doença celíaca) deveria ser mudado, uma vez que retirado o glúten, a doença fica "quietinha", logo você não está mais doente. Quando passamos a pensar nisso, passamos a compreender e aceitar mais a nossa condição.

A doença celíaca (também chamada de espru celíaco e enteropatia glúten-sensível) é uma doença ainda pouco conhecida e de difícil diagnóstico, já que os sintomas são bem parecidos com os de outras doenças; como aconteceu comigo, confundida com gastrite. É uma doença autoimune (ou seja, quando o organismo ataca a si mesmo) caracterizada por danos à mucosa do intestino delgado, provocados pelo glúten. 
Sendo assim, a doença celíaca é uma intolerância permamente ao glúten, surgindo em pessoas que possuem tendência genética para ela.

Mas afinal, o que é o glúten? É uma proteína encontrada no trigo, aveia, centeio, malte e cevada. Sendo assim, uma pessoa intolerante a este tipo de proteína, não pode consumir alimentos que contenham estes "elementos". O glúten está presente em muitos alimentos consumidos diariamente pelas pessoas, tais como itens de padaria (pães, roscas, bolos, bolachas, entre outros), cerveja, pizzas, macarrão e massas no geral, alguns temperos prontos (caldos de carne, galinha, costela, etc.) e muitos outros alimentos que serão comentados aqui, aos pouquinhos. Paralelamente, darei dicas sobre os substitutivos para todas as coisas gostosas que consumíamos antes. Vejam, nós celíacos, conseguimos comer de tudo, desde que aprendamos a substituir os ingredientes.

Geralmente, a doença celíaca se manifesta na infância, entre 1 e 3 anos, sendo considerada tipicamente como uma condição pediátrica. No entanto, atualmente, sabe-se que ela pode permanecer silenciosa e vir a se manifestar clinicamente depois de anos de danos ao intestino e ao organismo como um todo. 
Quanto antes diagnosticada, maiores chances de evitar danos futuros. Isso inclui osteoporose, anemia frequente, irregularidades menstruais, infertilidade, dificuldades para manter a gestação e até câncer no intestino.


Estima-se que 1 em cada grupo de 100 a 200 pessoas nos EUA e na Europa tenha a doença celíaca. No Brasil, ainda não há um número oficial sobre a prevalência da DC, mas em uma pesquisa publicada pela UNIFESP, em 2005, um estudo feito com adultos doadores de sangue revelou que há a incidência de 1 celíaco para cada grupo de 214, moradores de São Paulo.


Ainda, há pessoas que não são celíacas mas possuem sensibilidade ao glúten. Recentemente (Nov/2011), em uma reportagem no programa Globo Repórter, obtivemos a estatística de 1% da população representada por nós, celíacos. No entanto, 20 milhões de brasileiros não chegam a ter a doença mas possuem sensibilidade ao glúten. Muita gente, não é? Se compararmos com o conhecimento das pessoas sobre o assunto. Falaremos disso mais pra frente.

O que minha médica me explicou, no dia em que me deu o diagnóstico, é que o nosso intestino absorve grande parte daquilo que ingerimos. Nele, temos as vilosidades, que são como bracinhos  que captam os nutrientes. Quando ingerimos o glúten, no caso dos sensíveis a ele, machucamos a mucosa intestinal e consequentemente, as vilosidades. Com isso, deixamos de absorver os nutrientes do que comemos, parcial ou totalmente. Em casos mais graves, quando o intestino fica lisinho, começam as crises de diarréia, que é quando o alimento "passa direto". 

Não se sabe o porquê muitas pessoas, como eu, apresentam o sintoma contrário, ou seja, não a diarréia mas a constipação intestinal.

Abaixo, consegui uma figura que ilustra o intestino de uma pessoa sem a doença e o intestino de um celíaco, a partir de uma observação microscópica.

                                     Fonte: UFRGS


Perceberam a diferença? Por isso, é muito comum as pessoas perderem peso e ficarem anêmicas. Contrariamente, pode acontecer o que aconteceu comigo: nunca tive deficiência de quaisquer vitaminas e não cheguei a perder peso desenfreadamente, o que dificultou a desconfiança de outros médicos com relação ao diagnóstico. Quando comecei a investigação, estava com alguns episódios de diarréia isolados, o que me fazia pensar ter comido alguma coisa que não me caíra bem.

Nesta mesma reportagem do Globo Repórter, foi abordado um projeto existente na Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais, que atende às necessidades nutricionais dos portadores da doença. 


Pessoal de Minas Gerais, procurem se informar sobre o projeto. Em uma busca pessoal, encontrei esse site, onde vocês podem entrar em contato com o Departamento de Nutrição e Saúde da Universidade.



Vale ressaltar que cada organismo reage de uma maneira, portanto nunca será igual para todos. No próximo post "O que você deve saber resumidamente sobre a doença celíaca", escrevei sobre os principais sintomas da doença.

E não se esqueçam: gostaram deste cantinho? Estão achando super válido? Comentem, dêem sugestões, compartilhem com as pessoas. Lembre-se, há pessoas que podem consumir o glúten mas não o fazem por opção. Não deixe de passar para frente o que você tem lido aqui!

Um beijo grande


Fonte: Acelbra-SP, Acelbra-RJ, UFRGS, Fenacelbra, G1 e Vivendo sem Glúten (livro)

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